Ao longo da última década, vem crescendo o número de pesquisas associando nutrição e transtornos mentais. Isso significa que a comunidade médica está começando a reconhecer o quão potente pode ser a conexão entre dieta e saúde emocional.

Para citar alguns exemplos, estudos recentes descobriram uma diminuição na ansiedade para as pessoas que tomam probióticos, uma ligação entre padrões alimentares e depressão, e uma maior prevalência de diagnósticos e sintomas de Transtorno de Déficit de Atenção em crianças que consomem grandes quantidades de açúcar, fast food e refrigerantes.

Por aí, já dá para notar a importância de cuidar da alimentação pensando não só em perda ou ganho de peso, mas principalmente em qualidade de vida.

As mulheres são mais afetadas

Estudos do departamento de saúde e bem-estar da Universidade Binghamton, nos Estados Unidos, investigaram o impacto das deficiências nutricionais no aspecto mental e descobriram que as mulheres têm maior probabilidade de precisar de uma dieta equilibrada e bons hábitos de vida para manter o humor sob controle.

A explicação é que os homens têm maior volume cerebral nas áreas que controlam as emoções, enquanto as mulheres, nessas mesmas áreas, têm conectividade cerebral mais densa.

Como o volume do cérebro leva um longo período para se alterar, seguir uma dieta menos saudável não se associa com humor negativo em homens. As conexões cerebrais densas, no entanto, são mais sensíveis a pequenas variações da dieta, já que muitas das substâncias envolvidas no processo vêm de um amplo espectro de nutrientes. Por isso, a saúde mental das mulheres é mais suscetível a uma alimentação ruim.

Nutrientes para o humor

Os estudos feitos por um projeto inglês chamado Food and Mood mostram que aumentar o consumo de frutas, peixes e líquidos, ao mesmo tempo em que se diminui a ingestão de açúcar, cafeína e álcool, é algo que melhora quadros de instabilidade emocional, ajudando em casos de depressão, ataques de pânico e ansiedade. Mas por que isso acontece?

Especialistas do Conselho Federal de Nutrição aqui do Brasil mesmo explicam que os nutrientes contidos nos alimentos atuam na formação e liberação de neurotransmissores, que são enviados para áreas do cérebro responsáveis pela manutenção da saúde mental.

O principal neurotransmissor relacionado ao bom humor, por exemplo, é a serotonina, cujo desequilíbrio no organismo vai muito além de uma cara fechada pela manhã, podendo desencadear problemas como depressão, ansiedade e fadiga mental.

Como beneficiar a saúde mental com a dieta

Os especialistas concordam que diversidade e moderação são fundamentais quando se trata da relação entre alimentação e cuidado com o organismo como um todo. O mesmo vale para uma vida ativa, ou seja, para a prática regular de atividade física.

Mas quando se fala em saúde mental, particularmente, vale ter atenção e apostar em nutrientes específicos. Ainda mais se você tem um histórico de qualquer transtorno de humor como depressão, ansiedade, tensão pré-menstrual ou transtorno bipolar.

Os pesquisadores da Universidade Binghamton relacionam os principais nutrientes (e seus respectivos alimentos) para se investir, pensando em melhorar a saúde mental. Anote:

- Ômega-3: peixes (salmão, atum, cavala, sardinha), nozes, sementes (linhaça, chia);
- Vitaminas do complexo B: carnes magras em geral, ovos, frutos do mar, vegetais de folhas verdes, legumes, grãos integrais;
- Selênio: bacalhau, castanha do Brasil, nozes;
- Triptofano: carne de peru (não o embutido!), banana, ovos, folhas verde-escuras, cereais integrais, leite.

E um alerta especial: fique sempre de olho nos níveis de vitamina D para corrigir quaisquer deficiências nutricionais subjacentes. A carência desse nutriente está associada à depressão e a outros transtornos de humor.

Cuide também para consumir boas quantidades de vitamina C, que ajuda na formação de neurotransmissores. Onde tem vitamina C? Frutas cítricas, goiaba, melão, pimentão, tomate, brócolis são exemplos de alimentos ricos no nutriente.

Alimentação é cuidado, mas não tratamento

Por mais forte que seja a ligação entre alimentação e saúde mental, apenas mudar os ingredientes das suas refeições pode não ser o suficiente para prevenir ou mesmo tratar problemas dessa natureza.

Tanto que os próprios pesquisadores alertam: a dieta pode ser usada como adjuvante de uma terapia específica, nunca como tratamento exclusivo de um transtorno mental diagnosticado. Nunca deixe de seguir a recomendação médica, inclusive no que se refere à prevenção.
 

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