Uma pesquisa do Instituto de Psiquiatria e Neurociência do King's College London, no Reino Unido, concluiu que a depressão na gravidez afeta tanto as mães quanto os bebês. Observando mulheres com o diagnóstico da doença e seus níveis de cortisol, os pesquisadores concluíram que o período de gestação delas foi mais curto e que, após o parto, os pequenos eram mais sensíveis ao estresse.

Não sabe o que é cortisol? É um hormônio liberado em situações percebidas pelo corpo como de ameaça ou grande desconforto. A liberação do cortisol em si não é ruim, já que dá energia aos músculos e eleva a concentração do cérebro. O problema, como sempre, é o excesso...

Maior risco de problemas psicológicos

A gestante com diagnóstico de depressão tem uma liberação elevada e constante de cortisol. Como o hormônio consegue cruzar a placenta, passa para o sangue da criança, gerando o seguinte efeito: o bebê identifica o ambiente de vida da mãe como estressante e organiza a sua própria resposta ao estresse com base nisso.

Os pesquisadores explicam que, depois do nascimento, a criança se mostra mais hiperativa, chorosa, reativa a som, luz e frio. Além disso, produz cortisol em circunstâncias que as demais crianças encararam com normalidade e, por isso, torna-se mais difícil acalmá-la. Tudo isso com menos de uma semana de vida.

Mas existe o risco de o quadro piorar no futuro: essa maior sensibilidade ao estresse pode fazer com que a criança desenvolva problemas psicológicos ou depressão no futuro, ao lidar com problemas cotidianos ou situações de sofrimento, como perda de familiares, bullying, e frustrações acadêmicas e profissionais.

É possível tratar a depressão na gravidez?

O mais comum no meio social é que a gravidez seja associada a um período de felicidade e encantamento. O que ninguém vê por trás das belas fotos de redes sociais é que a mulher pode não estar tão bem assim, e essa “cobrança por alegria” pode acabar piorando a situação, já que a gestante, lutando contra a depressão, pode se sentir pressionada a se calar.

Como foi mostrado pela pesquisa inglesa, buscar ajuda é importante para a saúde tanto da mãe quanto do bebê. No entanto, os próprios pesquisadores reconhecem que faltam estudos que apontem com maior segurança qual é o melhor tratamento contra a depressão na gravidez. Ainda mais porque já foi mostrado no meio científico que os antidepressivos podem alterar o comportamento dos bebês, tanto quanto a depressão em si.

Dependendo do caso, tratamentos não medicamentosos podem ajudar: além de psicoterapia, intervenções nutricionais, como suplemento de ômega 3, podem trazer benefícios, de acordo com os pesquisadores.

E a depressão pós-parto?

No Brasil, em cada quatro mulheres, mais de uma apresenta sintomas de depressão no período de 6 a 18 meses após o nascimento do bebê, de acordo com o Ministério da Saúde.

A depressão pós-parto traz inúmeras consequências ao vínculo da mãe com o bebê, principalmente no que se refere ao aspecto afetivo. Os especialistas apontam efeitos no desenvolvimento social, afetivo e cognitivo da criança, além de sequelas prolongadas na infância e adolescência.

Além disso, a mulher diagnosticada com depressão pós-parto, normalmente, amamenta pouco e não cumpre o calendário vacinal dos bebês. As crianças, por sua vez, têm maior risco de apresentar baixo peso e transtornos psicomotores. Então, de novo, vale reforçar a importância de buscar ajuda.

De olho nos sintomas da depressão

A depressão é caracterizada pela sensação persistente de tristeza ou perda de interesse. E isso pode levar a uma variedade de sintomas físicos e comportamentais, que podem incluir alterações no sono, apetite, nível de energia, concentração, comportamento diário ou autoestima. A depressão também pode ser associada a abuso de substâncias e pensamentos suicidas.

Sinais de que algo não vai bem com a saúde mental, de acordo com especialistas do Hospital Albert Einstein:

- No humor: ansiedade, apatia, culpa, descontentamento geral, desesperança, mudanças de humor, perda de interesse, perda de interesse ou prazer nas atividades, solidão, tristeza, tédio ou sofrimento emocional;
- No comportamento: agitação, automutilação, choro excessivo, irritabilidade ou isolamento social;
- No sono: despertar precoce, excesso de sonolência, insônia ou sono agitado;
- No corpo: fadiga, fome excessiva ou inquietação;
- Na cognição: falta de concentração, lentidão durante atividades ou pensamentos suicidas;
- Sintomas psicológicos: depressão ou repetição insistente de pensamentos;
- No peso: ganho de peso ou perda de peso.
 

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