Na última década, o número de diagnósticos do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), antes considerado raro, cresceu significativamente. De acordo com a Academia Americana de Pediatria, 1 a cada 54 crianças possui a condição. 

Esse distúrbio afeta o desenvolvimento neurológico do indivíduo e pode se apresentar em diferentes graus. Mas suas três principais características são sempre as mesmas: dificuldade de comunicação e de interação social, além da presença de comportamentos repetitivos e restritivos.  

Apesar dos sintomas serem mais evidentes após os dois anos de idade, em muitos casos é possível encontrar atrasos logo nos primeiros meses de vida. As diferenças estão na comunicação, gestos corporais e linguagem social da criança. 

O que as pesquisas apontam é que o diagnóstico e o tratamento precoce fazem toda a diferença para a melhora dos sinais e a qualidade de vida do portador. Por isso, é importante para a família saber como identificar o autismo no bebê. 
 

Os primeiros sinais de autismo 

Um ponto importante a se prestar atenção é na habilidade comunicativa da criança. É comum que o autista mostre menos interesse em se comunicar. Em alguns casos, o bebê não fala mesmo após um ano de idade. 

Já outros demonstram habilidades comunicativas e sociais no começo, mas entre 15 e 24 meses começam a regredir e perdê-las. Eles ainda são menos propensos a apontar para as coisas que desejam ou que indicam suas necessidades. 

A resposta da criança às interações também é diferente. Ela pode não demonstrar nenhuma expressão diante de brincadeiras e sorrisos dos pais, ao ser chamada pelo nome ou mesmo na hora da amamentação. E costuma ter pouco ou nenhum contato visual, sentindo dificuldade em mantê-lo.  

Os movimentos mais estereotipados, como balançar e girar os dedos, agitar as mãos ou a cabeça podem estar presentes. Além disso, o autista tem os sentidos afetados e reações perceptíveis a sons, luzes, toques e até texturas, o que interfere na troca do leite pelos primeiros alimentos sólidos. 

Vale ressaltar que esses são os sinais mais clássicos e que cada criança pode apresentar características diferentes. Inclusive, elas podem acontecer de forma isolada ou em conjunto, em graus variados. 

 

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Espectro do autismo e o diagnóstico 

Não existe um exame médico específico que diagnostica o autismo. Muito da avaliação médica nesses casos leva em consideração a descrição que os pais fazem dos sintomas. Esse é mais um motivo importante para entender como identificar o autismo no bebê.    

É essencial descrever todas as dificuldades que a criança apresenta na comunicação e nas interações sociais, além de qualquer comportamento   diferente ou que tenha mudado ao longo do tempo. O profissional também buscará sinais de atrasos no desenvolvimento em exames comuns. 

Um pediatra pode identificar os sinais clássicos na criança e encaminhar o caso para um especialista. A avaliação e o diagnóstico final geralmente são realizados por um neurologista pediátrico, psiquiatras ou psicólogos infantis. 

Desde 2013, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), publicado pela Associação Americana de Psiquiatria, define que o paciente é diagnosticado com Transtorno do Espectro do Autismo em três diferentes graus. As terminologias que distiguiam tipos da doença não são mais usadas. 

 

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Causas e fatores de risco 

Mesmo depois de décadas de estudo, não se pode afirmar que o autismo possui uma causa única conhecida. Analisando a variedade de sintomas e do grau com que eles aparecem, entende-se que mais de um fator pode estar relacionado ao seu desenvolvimento. 

Os primeiros são os genéticos e biológicos. Em alguns casos, o autismo pode estar associado a transtornos genéticos, como a síndrome de Rett, ou a mutações genéticas. Por isso, eles também se tornam fatores de risco, bem como outros casos de autismo na família. 

Os bebês muito prematuros – que nascem com menos de 26 semanas, podem ter mais chances de apresentar a condição. Ainda, o autismo é quatro vezes mais comum em homens do que em mulheres. 

Atualmente, as pesquisas também buscam entender se fatores externos e ambientais, como infecções virais, medicamentos ou complicações na gestação podem contribuir para o quadro.  
 

Como é o tratamento? 

O Transtorno do Espectro do Autismo não é uma condição que possui uma cura ou um tratamento comum a todos os pacientes. Cada indivíduo exige um tipo de acompanhamento para o seu quadro, que pode incluir: 
 

Terapias comportamentais e/ou familiares 

Focadas em melhorar os comportamentos sociais inadequados, desenvolver habilidades sociais e promover a interação dos familiares no progresso da criança. 
 

Terapias educacionais e comunicacionais 

Com especialistas e atividades que desenvolvem a comunicação e o comportamento geral do portador.
 

Outras terapias 

Dependendo do grau da condição, pode-se indicar a terapia ocupacional infantil para ajudar no desenvolvimento cotidiano e a fisioterapia para melhorar os movimentos comprometidos 
 

Medicamentos 

Apenas são prescritos para controle de alguns sintomas acentuados e/ou associados, como a hiperatividade, problemas comportamentais graves ou ansiedade

A Care Plus também oferece um programa de acolhimento dedicado às famílias de crianças portadoras de Transtorno do Espectro Autista (TEA) e outras condições genéticas, com um canal de atendimento exclusivo 24 horas por dia, durante 7 dias da semana.