Em diferentes momentos do desenvolvimento infantil, é provável que os pais e cuidadores se deparam com circunstâncias em que a criança não obedece e demonstra oposição a qualquer regra. A repetição dessa forma de agir pode tornar o convívio extremamente difícil.

De qualquer maneira, nem sempre é fácil estabelecer limites, o que certamente contribui ainda mais com uma série de sentimentos negativos. Isso, claro, não deveria ser assim. Então vale sempre respirar fundo e conhecer estratégias e ferramentas para evitar e contornar esse tipo de comportamento infantil.

 

Quais as principais características comportamentais de uma criança que não obedece?

Mesmo quem não é pai ou mãe já deve ter se deparado com uma criança que tem dificuldade em seguir ordens, cumprir orientações ou mesmo não se opor a autoridade dos cuidadores. Além disso, pode ser difícil convencer um pequeno de que o que ele está fazendo é errado. Isso sem falar em possíveis alterações de humor, que provocam irritação e causam a sensação de que a criança é birrenta.

As razões para comportamentos desafiadores são inúmeras. Elas vão desde a dificuldade que a criança tem para expressar determinadas emoções e indicar aquilo que a está incomodando, até a dificuldade de adaptação a novos ambientes. No mais, as desobediências podem ser um recurso infantil para chamar a atenção ou ainda para interromper atividades consideradas desagradáveis.

 

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Então o que fazer nessas situações?

Antes de tudo, os pais e cuidadores devem seguir duas orientações básicas: tentar manter a calma diante do comportamento da criança que não obedece e jamais usar agressões físicas ou verbais para tentar colocar ordem na situação. Adotar tal conduta pode irritar ainda mais o pequeno do que inibir efetivamente o comportamento indesejado.

Independentemente de qualquer coisa, é plenamente normal e esperado que, em determinados contextos, a criança se comporte diferente do esperado. Além disso, é preciso considerar se o comportamento teve uma alteração repentina e de que forma isso pode estar relacionado a mudanças de saúde, a alterações no padrão de sono ou mesmo no ambiente doméstico (incluindo separações, nascimento de um irmão ou mudança de escola, por exemplo). 

Outro fator importante é ter em mente que determinados comportamentos são mais comuns em determinadas faixas etárias. Crianças têm a “idade dos porquês”, em que questionam tudo. Adolescentes, por sua vez, tendem a ser mais desafiadores, em busca da própria autonomia.

Considerando todos esses aspectos, é possível adotar diferentes estratégias e ferramentas que pouco a pouco podem ajudar na melhoria do convívio com a criança. É importante lembrar que elas não são uma receita e cada uma pode funcionar de forma diferente em cada contexto.


1. Dê o exemplo

A criança precisa de uma referência para como agir em diferentes ambientes. E como não poderia deixar de ser, os pais ou responsáveis / cuidadores ocupam um papel-chave nessa dinâmica. Por isso, tão importante quanto aquilo que os pais dizem é o que eles fazem.  Então se você não quer que a criança grite, não grite também. Isso vale para regras simples do dia a dia, como o uso de “por favor”, “obrigado” e “com licença”.


2.  Mostre como você se sente

Um pai ou mãe com raiva devido ao comportamento da criança deve ser capaz de expressar esse sentimento, deixando claro que atitudes provocam tal desconforto. Ou seja, o descontentamento deve ser sempre em relação a desobediência e nunca com a criança em si.
 

3. Reforce comportamentos adequados

Por mais simples e menores que sejam os avanços, é importante mostrar à criança que é isso o que se espera dela. Elogios e comentários positivos são um bom exemplo de como colocar em prática. Reforçar comportamentos desejados inibe aqueles inadequados.


4. Fique na altura da criança

Sempre que for necessário conversar com a criança, a recomendação é abaixar-se até o nível dela.  Esse cuidado ajuda a criança a prestar mais atenção ao que está sendo dito, além de permitir que o adulto se concentre efetivamente no papo. Ao mesmo tempo, é preciso dedicar-se com atenção para ouvir o que o pequeno tem a dizer e, se necessário, ajudá-lo a expressar e entender os seus sentimentos e sensações.


5. Não faça promessas que não serão cumpridas

Para estabelecer uma maior confiança junto à criança e fazer com que ela realmente tenha noção das consequências dos seus atos, é fundamental não estabelecer promessas que não podem ser cumpridas. Tal orientação vale tanto para aquelas boas quanto para as ruins. Portanto, nunca diga que a criança não poderá mais fazer algo se isso for impossível e não prometa algo se não conseguir cumprir o mais breve possível, pois prometer e deixar para depois, pode provocar sentimentos negativos.
 

6. Seja firme, mas dê orientações simples e claras

Quando for transmitir uma ordem, é importante garantir que ela não será revertida. Se a criança chora e os pais cedem, ela pode associar esse comportamento a uma forma de modificar futuras repreensões. Isso ajuda também a desenvolver uma maior resiliência às frustrações.  No mais, sempre seja direto e de preferência às instruções positivas.
 

7. Transfira pequenas responsabilidades para a criança

À medida que a criança cresce, ela pode ir assumindo algumas responsabilidades, que se não cumpridas, podem gerar consequências rapidamente percebidas. Crianças maiores já podem organizar o próprio lanche, por exemplo. Quando isso não é feito, a criança sentirá fome e terá uma noção imediata do próprio comportamento.

Acima de tudo, lidar com uma criança que não obedece exige paciência, claro. Seja como for, um ambiente que garanta o carinho, a escuta e o acolhimento necessário são essenciais para o desenvolvimento infantil saudável. No fim, tudo isso ajuda na garantia de um crescimento saudável e no bem-estar de toda a família.

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